quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sexo? Sim, mas do bom!

No meu último post deixei escapar algumas das dúvidas que trago, dúvidas essas relativas ao aparente adormecimento desses seres magníficos, as mulheres. Não me refiro a todas, claro, mas apenas a algumas. Só que essas, de tão adormecidas, confundem-se com os vivos, essas coisas insonsas. Porque será, pergunto-me. Como é que criaturas talhadas para tanto, se resignam a tão pouco?

Notem que não conjecturo. Afirmo: algumas mulheres confundem-se com os vivos. Mas não o afirmo levianamente. Faço-o sim, com pesar. E com o contributo de uma constatação recente. Ei-la.

Pelo canto do olho, já não sei bem onde, vi os resultados de uma sondagem de opinião (ou lá como se chama aquilo). Quando confrontadas com a escolha de serem privadas de sexo ou privadas de internet, aproximadamente 70% das mulheres optaram por serem privadas de sexo. Não nos tirem a internet; por nada, afirmaram.

Tremendo. Em cada 10 mulheres, 7 preferiram a internet. Confesso que fui apanhado desprevenido. É que dos homens já espero tudo, mas das mulheres… Tremendo, repito. Como é que criaturas eminentemente sensoriais optam assim? Porquê? Não encontro explicação. Mas tenho uma conjectura (ou esperança, nem sei).

A pergunta está mal feita. É isso! Se lhes tivessem dito que ficariam privadas de boas fodas, a resposta seria outra. Com certeza que diriam, que se lixe a internet. O meu reino por uma boa foda, clamariam. (A propósito, o “uma” é o artigo indefinido. É que eu não sei contar fodas, daí não usar o cardinal. Mas falar-vos-ei disto noutra ocasião.)

Talvez seja isto. É que aquilo a que os vivos chamam de sexo, não o é. É outra coisa. E as mulheres sabem-no melhor que ninguém. E porque a pergunta surge no mundo dos mortais, pensaram que se referia à outra coisa; àquilo que acontece para cumprir calendário (perdoem-me, não resisti ao uso de gíria futebolística). Se é isso, dispensamos, disseram. Ficamos antes com a internet.

A ser assim, fico aliviado. Porque disso, também não quero. Sexo? Sim, mas do bom!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Pornografia, dizem

O episódio caricato que recentemente se noticiou é revelador do quão amorfo é estar vivo.

Ao abrigo de uma brincadeira carnavalesca foi criada uma réplica do famoso PC Magalhães. A réplica ostentava, no seu ecrã, nus de corpos femininos. Um cidadão, que uns diriam respeitável, apresentou queixa alegando que se tratava de exposição de pornografia em local público. Pornografia, disse. A mais bela obra de arte; o corpo da mulher.

A atoarda, vinda de um homem, não surpreende. O que surpreende é uma mulher dar provimento, ordenando a retirada das imagens em causa. É espantoso. Como pode alguém com sensibilidade apelidar de pornografia algo tão belo?

Sendo a mulher o pináculo da evolução, deveria estar imune a tais disparates. Mas não. A mulher em causa decidiu mal. E fê-lo porque usou sentimentos vindos de fora. Felizmente que se apercebeu do erro a tempo de corrigir a mão. Os sentimentos vindos de dentro prevaleceram.

Este episódio fez ressurgir em mim as seguintes dúvidas: Porque será que algumas mulheres fazem tanta questão em confundirem-se com os vivos? Estarão elas vivas também? Se estão, o que as terá condenado a tal destino?

Voltarei a isto mais tarde.

ps. Eu sei, a minha opinião é suspeita; adoro mulheres. Mas se acham exagerado afirmar que a mulher é o auge da evolução, recomendo “A Mulher Nua” de Desmond Morris.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Simplicidade

Ela: Bichinho…
Ela: Vim à tua procura.
Ela: Estou no meio dumas discussões intelectuais sobre sensualidade
Ela: e o que me apetece mesmo é sentir…
Ela: … o teu cheiro.
eu: Hummmm
eu: Que saudades que tenho…
eu: … do teu.
eu: Quero-te!
eu: Quando?

Entre imortais (classe que inclui bicharada diversa) é simples. Não reprimimos os nossos instintos. Pelo contrário, somos por eles guiados.

Porque será que os mortais complicam?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A contenda


Existe, em mim, uma constante luta; uma contenda entre o maldito que aqui se vislumbra, e o vivo que o transporta.

Esse vivo, fraco como os demais, amaldiçoa a minha existência. Tenta anular-me por todos os meios. Ele é a minha consciência. Um inútil, portanto. Um estropício.

Apesar de fraco, consegue por vezes empurrar-me para as suas profundezas. Mas é efémero. Eu não posso ser banido. Eu ressurjo. E ressurjo… e ressurjo. Eu, sou ele. Sou a sua maldição. E ele, a minha.

Em vez de me anular, o máximo que consegue é manter-me adormecido. Quando acordo, estou ainda mais sedento. Ainda mais implacável.

As vítimas somam-se. Impassível, olho-as; alheio à desgraça que sobre elas se abateu. Sem sombra de remorso. Apesar de insensível, constato que algumas eram de facto puras. Eram...

Perante esta constatação, o fraco vivo ganha força.

“She lives beyond the grace of God, a wanderer in the outer darkness. She is vampyr, nosferatu. These creatures do not die like the bee after the first sting, but instead they grow strong and become immortal once infected by another nosferatu. So, my friends, we fight not one beast, but legions that go on age after age after age, feeding on the blood of the living.”, pensa.

Sente-se impelido a combater-me. A mim, a personificação do mal, imagine-se. Sente que tem que evitar que a minha maldição se propague, como uma praga. E que tem que fazê-lo a qualquer custo.

Só que é fraco, e falha. Vai perdendo. E porque vai perdendo, mortais, cuidem-se! ;)

ps. Um beijo para ti, minha querida Akrasia.

(a imagem da presumível vítima foi retirada de parte incerta)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Hoje,


sinto-me mais antigo que o tempo; com a alma presa neste corpo eternamente jovem...

(imagem retirada daqui)

Expectativas

Aqui, nesta minha tumba sombria, dou por mim a contemplar o mundo dos vivos. Ao observá-lo, fico estarrecido.

Eu, apresento-me com toda a minha malvadez, mostrando a minha face terrível. Aproximo-me das vítimas com apenas um propósito: alimentar-me delas; roubar-lhes momentos, tornando-as assim uma parte de mim. Para sempre. E faço-o sem rodeios; vou directo ao pescoço.

“I am the monster that breathing men would kill. I am Dracula.”, digo-lhes.

Apesar do aparente terror que a minha aproximação inflige, detêm-se, aguardando a minha chegada. Não sei porquê, mas ficam. Aliás, anseiam que chegue. Os seus corpos contorcem-se em êxtase antecipado, pedindo que as morda. Mais! Pedindo-me que o faça com toda a minha perversidade. Que o não faça com gentileza, na tentativa de as poupar (porque tenho consciência), mas intensamente, para que eternamente as dane.

Num esforço de entender, perguntei a uma amiga porque seria. Porque deixou ela que me aproximasse, mesmo sabendo o meu desígnio. Que encanto tenho eu, afinal? Respondeu-me, inabalável: “Porque tu não és capaz de me desiludir. És exactamente o que dizes ser. De ti, espero sempre o pior. ”

Fosse eu vivo, e ficaria arrasado. Que resposta frontal, quase brutal. Ainda por cima vinda de uma mulher admirável. Mas não sou. Em vez de arrasado, senti-me esclarecido.

Os vivos criam expectativas uns nos outros e, por vezes, falham. Desiludem. A desilusão pode ser tal que ficam com a sensação que não se conhecem. Que nunca se conheceram.

Não digo que criem propositadamente falsas expectativas (alguns até parece mesmo que o fazem). Parece-me, antes, que desiludem porque se esforçam demasiado por serem o que não são. Apenas por isso. Desiludem os outros, e a si mesmos. Por isso, vivos, vão morrendo. Já eu, morto, vou vivendo.

Mas isto, claro, é visto daqui, desta minha tumba sombria; com estes olhos sem vida.

ps. Com esta mulher nunca sei quem é, de facto, a vítima. Hei-de dedicar-lhe um post com uns balbucios meus acerca dessa triste mania de chamarem às mulheres o sexo fraco